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Pesquisadores da UFSM reconstroem o cérebro de roedor gigante extinto

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Foi publicado nesta quarta-feira um estudo feito por pesquisadores da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) que apresenta a reconstrução do cérebro de um roedor gigante pré-histórico. O animal tinha cerca de um metro e meio de comprimento e pesava em torno de 80kg, o que ultrapassava a capivara, o maior roedor do mundo da atualidade. O artigo foi publicado no periódico científico Biology Letters.

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Chamado de Neoepiblema acreensis, o animal era parente das chinchilas e pacaranas. Habitou a região amazônica há cerca de 10 milhões de anos e vivia em ambientes pantanosos que existiam antes do surgimento de uma das maiores florestas tropicais do mundo. Durante os períodos Mioceno e Plioceno (entre 10 e 2 milhões), diversas linhagens de roedores sul-americanos atingiram dimensões gigantescas quando comparadas à maioria das espécies atuais (atualmente existem mais de 2 mil  espécies de roedores que pesam em média menos de um quilo).

Uma pesquisa desenvolvida durante o doutorado de José Darival Ferreira, no Centro de Apoio à Pesquisa Paleontológica da Quarta Colônia (Cappa) da UFSM, revelou a primeira reconstrução cerebral de um roedor extinto sul-americano feita exclusivamente de forma computadorizada. A pesquisa apresenta novas direções na evolução cerebral de roedores no decorrer do tempo.

Um dos pontos que mais chamou a atenção dos pesquisadores é que, embora Neoepiblema acreensis tenha sido um dos maiores roedores já existentes, o cérebro desse roedor gigante era muito pequeno proporcionalmente a sua massa corpórea. A evolução ao longo do tempo dessa relação entre tamanho cerebral e massa corpórea (ou tamanho do corpo) é conhecida como encefalização. No caso dos roedores sul-americanos atuais, estes apresentam um grau bem maior de encefalização do que os seus parentes gigantes extintos. 

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A pesquisa foi feita em parceria com a Universidade Federal do Acre (Ufac) e a University of Zurich (UZH).

CÉREBRO PEQUENO
Cérebros consomem grande parte da energia de um organismo. Se o animal possui um cérebro proporcionalmente grande e com uma grande quantidade de neurônios, isso se torna benéfico para sua sobrevivência. Por exemplo, isso fica bem claro no grupo dos primatas e carnívoros, que possuem cérebros proporcionalmente avantajados, com uma ampla rede neuronal, que trazem benefícios para as estratégias de sobrevivência do animal, como é o caso da elaboração de estratégias na busca de alimento. Por outro lado, se um animal possuir um cérebro grande, mas com uma densidade neuronal mais baixa, que é o caso dos roedores, ele não usufrui dos mesmos benefícios associados, o que implica em um alto consumo energético desnecessário, ainda mais quando associado a uma grande massa corpórea.

Na época, os principais predadores dos roedores gigantes eram os crocodilianos, que também eram gigantes e habitavam as regiões pantanosas mencionadas acima, e que não eram predadores ativos, tal como são os mamíferos.

De acordo com a interpretação apresentada pelos autores do estudo, na ausência de uma pressão ecológica promovida pelos predadores, não havia necessidade de os roedores gigantes apresentarem cérebros avantajados, uma vez que isso implicaria em um consumo energético desnecessário.

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